quinta-feira, 14 de maio de 2015

My Blueberry Nights - Crônicas da madrugada- Por Cynthia Kremer


My Blueberry Nights - Crônicas da madrugada- Por Cynthia Kremer

O nada absoluto

Pelo que tenho lido e assistido em documentários na TV, parece que os cientistas ainda não chegaram a um consenso a respeito do que seria composta a matéria escura e no que, exatamente, ela interfere.

Os paradoxos da mecânica quântica evidenciam a relatividade de tudo; o que para nós chama-se, ou melhor, chamamos de antimatéria, pela nossa incapacidade de decifrá-la, por sabermos apenas que ela é um espelho de todas as partículas de matérias dotadas de massa, só que um espelho inverso dessas mesmas partículas que estão por toda parte.

Se nós somos constituídos de matéria estelar, (partículas) o que seria para nós uma colisão, um esbarrão na antimatéria? Talvez na nossa atual compreensão, uma implosão, a ausência de consciência, o NADA. Quem poderia conceber o conceito do nada?

O nada, a princípio, é a nossa incompreensão, a nossa ignorância a respeito de qualquer coisa: se desconheço um compositor magnífico, nunca ouvi suas obras, até então, ele é para mim inócuo, é nada. Se me falam sobre ele em teoria, ele passará a existir apenas em conceito, como um nome solto no espaço. Ainda não terei a consciência de sua obra. Saberei apenas de sua existência sem grandes vislumbres. Mas isso já não significa que ele não exista, que talvez ele seja brilhante e que muitos o admirem, posso conjecturar. Mais, sobre ele, não saberei.

Não seria esse mesmo processo que se dá no meio científico, que caminha pouco a pouco e vai retirando véus e pondo à luz da consciência conceitos concretos e existenciais?

Eles - os cientistas - estão ainda no "escuro" quanto ao que significa para o universo e para nós, a interação da matéria escura, (não à toa a sua nomenclatura, "escura") ela é percebida escura por ser quase desconhecida, assim como aquele compositor do qual nenhuma obra ouvi em nada me influenciou.

Experimentar a existência de algo dotado de matéria por uma primeira vez, já é um insight. Imagine o que seria (seria?) experimentar a ausência de tudo, até que essa ausência fosse desvendada uma grande presença, que se mostrasse dotada de massa?

Para a consciência do ser humano, essa passagem, a do consistente para o etéreo absoluto, o que chamamos de antimatéria, matéria negativa ou escura, o intangível, o nada, é apenas até onde podemos chegar nesse momento por não termos capacidade de desvendá-lo, traduzi-lo - que somente achamos que assim o é - porque ainda não os colocamos sob a luz da consciência.

É possível que haja o inconcebível no anteriormente, "nada".

É possível que ultrapassada essa linha de percepção, a antimatéria que sabemos hoje, seja muito mais palpável e tenha um papel muitíssimo mais importante e dinâmico no universo e em nós mesmos.

É possível que pelo estreito ponto de vista da ciência, ela, a antimatéria, a matéria escura, seja – ainda - apenas uma nomenclatura que não lhe fará jus num futuro próximo.


Cynthia Kremer




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