sexta-feira, 15 de maio de 2015

Poesia de Liliana Josué


Poesia de Liliana Josué

IRENE

(04.11.1916 / 15.04.2015)

Agora és livre nessa imensidão desconhecida
tiraram-te as grilhetas de um sono maldito
onde não se vislumbrava paz mas estranheza.
não posso acreditar que tal já estivesse escrito
não posso acreditar em tal maldade

canta agora os teus hinos
toca o piano da tua felicidade
não tenhas nunca saudade deste mundo
que ruim fim te deu
em viperinos tons de azul celeste

voa, sê feliz, liberta-te de tudo
dança nas pétalas do Universo
retomando o folego perdido
pois agora és gazela branca correndo em euforia
numa autonomia eterna e milagrosa

eu Quero esta verdade
Imponho esta verdade
mesmo que tudo isto que escrevi
seja apenas o eco da minha vontade.

15.04.2015
Liliana Josué

FRAGA

Imponente azul
interrompido pelas impulsivas nuvens brancas
que após o conquistarem
se espraiam em ondas de desmaios

serras, montanhas, vales
silvas, giestas, alecrim
pomar de sonhos maduros
verde chão de beijo eterno
calor de puros abraços

lugar da fraga cinzenta
bordejada pelo musgo
ventos soltos numa sinfonia de paz
onde não entra o remorso
nem se desfaz a harmonia

ovelhas balindo devoção e conforto
moldando-se à anatomia do espaço
numa concomitante alegria

início de mundo, paraíso
friso de indomáveis cores
solfejos de pássaros
marulhar de águas
neves que hão de surgir
coaxar de rãs em insondáveis saltos
seixos amarelos…

lugar misterioso onde o valor da vida
reside na simples vontade de sorrir.

Liliana Josué




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