quinta-feira, 14 de maio de 2015

Os 500 anos da Conquista de Azamor, no Algarve Dalém Mar. - Texto de Fernando Pessanha


Os 500 anos da Conquista de Azamor, no Algarve Dalém Mar.

 Texto de Fernando Pessanha

 

 O presente mês de Setembro de 2013 assinala um dos maiores feitos militares da história da expansão ultramarina portuguesa: a conquista de Azamor (em árabe أزمور‎), em Marrocos.

Segundo cronistas como Rui de Pina ou Garcia de Resende, Azamor, temendo ser tomada pela força das armas portuguesas, tornou-se tributária de D. João II, em 1486. D. Manuel I ainda confirmou os termos do contrato com Azamor, em 1497, porém, a fidelidade dos seus habitantes à Coroa portuguesa foi muito irregular depois de 1502, revoltando-se contra a soberania portuguesa e deixando de pagar os tributos acordados.

Em 1508, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, deu conhecimento a D. Manuel I das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súbditos de Portugal.

Atendendo a esses motivos, foi enviada uma armada (50 navios e 2.500 homens) sob o comando de D. João de Menezes, com o apoio de um príncipe oatácida que já estivera em Portugal, Muley Zião. Porém, a expedição fracassou, não só porque o aliado mudara de posição, mas também porque os meios envolvidos se revelaram insuficientes para tomar a praça.

As intenções em tomar Azamor mantiveram-se até que, em 1513, deu-se um levantamento geral em Portugal, num ambiente de vibração patriótica registado por Gil Vicente, no seu Auto da Exortação da Guerra.

De acordo com Damião de Góis, (Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel, III, Capítulo XLVI) os preparativos resultaram na maior armada organizada no reinado do venturoso; mais de 400 navios e cerca de 25000 homens, entre soldados, cavaleiros e infantes, comandados por D. Jaime, o duque de Bragança.

Quando a armada partiu de Lisboa, «foi lançar ancora na baia do Faram, no regno do Algarue», onde se lhe juntaram mais navios com combatentes algarvios. Muitos membros da grande fidalguia do reino participaram nesta expedição, entre os quais Rui Barreto, alcaide-mor de Faro e vedor da fazenda do Reino do Algarve, que ia investido como capitão de Azamor, e D. João de Menezes, que ia investido como capitão de campo.

Com o desembarque do grosso das tropas na baia de Mazagão, em 28 de Agosto, os portugueses atacaram por terra e pelo rio no primeiro dia de Setembro. Os defensores de Azamor, impressionados com o poderio do exército português, acabaram por abandonar a cidade, procurando refúgio nas regiões vizinhas.

A notícia da tomada da cidade correu rapidamente por toda a Enxovia e Duquela, pelo que as povoações de Almedina e Tide acabaram por ser abandonadas. Muitos mouros pediram então a paz, alegando quererem ser vassalos e pagar tributo a el-rei de Portugal.

Finalmente, a 3 de Setembro, o duque de Bragança entrava na cidade e D. Manuel I acrescentava mais uma praça marroquina ao império português.





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