Poesia de Mário Matta e Silva
A face e a folha
Eu recolhi uma folha tricolor
Atirada para o chão do meu jardim
Feita de suspiros outonais
De veios firmes, desiguais
Com duas faces que olham para mim.
Eu acariciei as faces de um róseo rosto
Serenas e com aroma a romã
Na excitação duma pele sedosa e morna
Com a lágrima que vai de mansinho e torna
A descer docemente nas brisas da manhã.
Eu envolvi-me nestas duas maravilhas
Exultando os meus sentidos
Brandos, cálidos e um tanto divinais
De assombros tamanhos, sensuais
E os meus dedos são raios de sol destemidos.
29 de Outubro de 2014
Mário Matta e Silva
Aventureiro
Esta vida é uma aventura
Uma aventura pegada
Eu sou nela aventureiro
Um aventureiro mais nada…
Eu vivo desta aventura
Exaltando de paixão
Sentindo tua ternura
Acalmar o meu coração.
Vou andando o dia-a-dia
Nesta tormenta teimando
Num só bem que em mim porfia
Na luta que estou travando.
E que mais sei eu pedir
Quando a manhã se desfaz
Se o passado a insistir
Me faz olhar para trás.
Morre o ano, nasce o ano
E eu sempre a desejar
Que o ano que vem nascendo
Cresça sem me destronar.
Vem a noite, foge o dia
Nesta grande cavalgada
A pedir em euforia
Que haja feliz alvorada.
Sinto a vida, fujo à morte
Como um doido desvairado
Procuro o bem e a sorte
No presente do meu fado.
Ando alegre na tristeza
De me ver envelhecer
Vou conforme a Natureza
Até que esfume meu Ser.
Ai que grande correria
Faço dos anos meu pranto
Procurando em cada dia
O que é prazer e encanto.
30 de Dezembro de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário