quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Poesia de Mário Matta e Silva


Poesia de Mário Matta e Silva


A face e a folha

Eu recolhi uma folha tricolor
Atirada para o chão do meu jardim
Feita de suspiros outonais
De veios firmes, desiguais
Com duas faces que olham para mim.

Eu acariciei as faces de um róseo rosto
Serenas e com aroma a romã
Na excitação duma pele sedosa e morna
Com a lágrima que vai de mansinho e torna
A descer docemente nas brisas da manhã.

Eu envolvi-me nestas duas maravilhas
Exultando os meus sentidos
Brandos, cálidos e um tanto divinais 
De assombros tamanhos, sensuais 
E os meus dedos são raios de sol destemidos.

29 de Outubro de 2014 

Mário Matta e Silva


Aventureiro

Esta vida é uma aventura
Uma aventura pegada
Eu sou nela aventureiro
Um aventureiro mais nada…

Eu vivo desta aventura
Exaltando de paixão 
Sentindo tua ternura
Acalmar o meu coração.

Vou andando o dia-a-dia
Nesta tormenta teimando
Num só bem que em mim porfia
Na luta que estou travando.

E que mais sei eu pedir
Quando a manhã se desfaz
Se o passado a insistir
Me faz olhar para trás.

Morre o ano, nasce o ano
E eu sempre a desejar
Que o ano que vem nascendo
Cresça sem me destronar.

Vem a noite, foge o dia
Nesta grande cavalgada
A pedir em euforia
Que haja feliz alvorada.

Sinto a vida, fujo à morte
Como um doido desvairado
Procuro o bem e a sorte
No presente do meu fado.

Ando alegre na tristeza
De me ver envelhecer
Vou conforme a Natureza
Até que esfume meu Ser.

Ai que grande correria
Faço dos anos meu pranto
Procurando em cada dia
O que é prazer e encanto.

30 de Dezembro de 2014 

Mário Matta e Silva






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