sábado, 24 de janeiro de 2015

O DOCE E SUAVE PRAZER DO ENVELHECIMENTO - Joaquim Nogueira


O DOCE E SUAVE PRAZER DO ENVELHECIMENTO

Por Joaquim Nogueira


… recuo algumas décadas (intensamente vividas) do historial da minha vida e lembro que nada me fazia pensar, naquelas alturas, do momento em que viesse a “absorver” a inevitabilidade do envelhecimento… são alturas da nossa vida em que nunca se pensa nos anos que passarão (muito rapidamente) a voar e, um dia, sem notarmos a não ser duma forma muito patética que já passamos dos 50… 

mas, maravilha, ainda aí a nossa postura é de alegria: atingir a “meta” dos 50 é algo para festejar e a festa que a família e os amigos nos fazem é algo que jamais esqueceremos (relembro a minha algures nos finais de 1995)… depois, outra vez, muito rapidamente, de novo, atinge-se a barreira dos 60… nessa altura somos levados a pensar nos familiares que, anteriormente, chegaram a esse marco… depois, bem depois é um ápice e o dia a dia é tão veloz que as 24 horas parecem minutos a escapulirem por entre os dedos…
 
… e sorrio… sorrio porque por mais estranho que pareça, sinto-me feliz… sinto que já vivi tempos fantásticos… lembro-os com saudade é certo mas com a alegria de ter vivido cada momento, cada minuto como se fosse uma hora e o tempo não acabava e o dia era imenso, enorme, longo, perfeito e talvez eterno…
 
… estou, pois, numa altura da vida em que os dias passam com uma rapidez estranha mas, ao mesmo tempo, aceito esse facto como algo que assim tem de ser… e sorrio de novo por saber que estar aqui e agora foi o resultado do vivido nos momentos antes… e sinto uma serenidade estranha, algo tão diferente de todo o stress que foi então a constante absoluta dos dias que vivi e olho para o dia de amanhã como a meta que tenho de alcançar com a mesma calma com que alcancei o dia de hoje…
 
… viver, pois, o dia a dia num suave e doce abraço com o tempo que me é concedido, é a razão para olhar para a “frente” sem medos, sem receios, sem preconceitos…
 
… aos mais novos, aos meus filhos, aos meus netos, a toda a gente que está vivendo a vida que eu já vivi apenas digo que vivam todos os momentos com intensidade, que agarrem os minutos fazendo deles eternas horas de alegria… que não pensem em coisas tristes porque viver é uma bênção e como tal deve ser absorvida…
 
… espero viver ainda muitos anos e em cada dia que viver amanhã e nos seguintes eu sinta que foi mais um minuto que tive para absorver tudo o que o Universo me deu, me dá e me dará… e saber que afinal de contas o envelhecer é suave e doce como um gelado que nos escorre pela garganta e nos dá um saboroso, doce e suave prazer…



Sem comentários:

Enviar um comentário