sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Crise na educação e a identidade da Escola - umas impressões...- Se Gyn


Crise na educação e a identidade da Escola - umas impressões...

Por: Se Gyn

Hoje de manhã, assisti estarrecido a uma reportagem exibida no Jornal «Bom dia Brasil», da Globo, em que a polícia havia localizado um misto de arsenal de armas de médio e grosso calibre e, paiol de munição, ambos improvisados em diferentes locais de um Brizolão, uma escola pública carioca, dedicada ao chamado ensino de tempo integral.

O problema não está no fato em si, mas nas circunstâncias em que ele ocorreu. Na tal reportagem, a despeito do revoltante fato de que, no Rio, os bandidos chegaram ao ponto de eleger (com sucesso e, pelo jeito, sem cerimônia alguma) um prédio público como o local adequado para finalidades criminosas, era o fato da diretora tentar impedir o acesso da polícia ao prédio - dando-se ao desplante, inclusive, de tentar marcar hora para tanto, sob a alegação de que estava em curso na escola, naquele momento atividades relativas à comemoração da semana da consciência negra e, do fato de que, depois de localizado e exposto ao sol o impressionante arsenal de armas e lotes de munição, a diretora cara de pau, tenha negado publicamente o conhecimento de uso da escola que dirige para fins um tanto «heterodoxos», digamos.

(Peço paciência a todos, porque minhas opiniões sobre o ensino pátrio não são das mais agradáveis. E, por outro lado, isso aqui vai longe - muito longe. Talvez dê preguiça... Mas, espero que você vá até o fim. Trata-se de algo relacionado ao futuro dos brasileirinhos, nossos filhos, sobrinhos, netos, vizinhos, etc.)...

Como a diretora, isto é, a pessoa a quem a Secretaria da Prefeitura do Rio de Janeiro confiou a tarefa de gerenciar, em todos os seus aspectos, não poderia ter notado que sua escola era utilizada diuturnamente para ocultar armas e munições, sabendo que, para tanto, os bandidos tinham, forçosamente, de entrar e sair dali? Como pode ela negar desconhecimento do fato, sabendo que os locais de esconderijo de armas e munições (caixas de controle de tubulação e fiação de energia elétrica, entre outros) eram acessadas continuamente, para realização de manutenção e reparos?

Como poderia uma centena de alunos da tal escola, dada a curiosidade própria das crianças, não notar nada a respeito e, relatar ao funcionário da escola ou professor mais próximo? De um único jeito. O Impossível. A tal diretora, educadora e agente do Estado, mentiu, descaradamente, diante das câmeras, seja por que motivo for - nenhum deles, justificável, entretanto, se levarmos em consideração a função ... da escola e, o objetivo do processo educacional: preparar o individuo para o convívio social, para o mundo do trabalho e, o exercício da educação.

A escola brasileira anda contaminada por um série de pestes, que impedem de cumprir a sua finalidade. Hoje em dia, os grupos mais diferentes reivindicam tudo da escola, menos, que seja eficiente na educação das crianças e jovens brasileiros.

As pestes são muitas, mas destaco três: a praga da renúncia da autoridade, a doença do esquerdismo nefasto do quadro de professores e material didático e, o virus do utilitarismo da escola e do processo educacional, como ferramenta de práticas heterodoxas da chamada «inclusão social».

A renúncia da autoridade é inegável e, até razoavelmente conhecida de pais e professores, em virtude do número de atos dos mais diversos tipos de violência praticados na escola, por alunos, circunstantes ou, invasores (caso dos bandidos que se assenhoraram do Brizolão, no Rio).

Ela decorre do fato de que, o educador - outrora, a quem se chamava respeitosamente de professor, não tem, não assume ou, nega o peso da responsabilidade posta por sobre seus ombros, preferindo alegar, espertamente, que é apenas um mediador do processo educacional, renegando que é, inafastavelmente, que encontra-se no papel de agente de formação de crianças e jovens, que, afinal de contas, não estão ali a passeio e, que isto exige dele um posicionamento, uma atitude e, um compromisso, ao longo de sua carreira, um instante após o outro - com todo o respeito, mas, se o caso fosse de mediar, contratavam-se espécie de árbitros de educação e, não, professores (na escola pública pelo menos, este ainda é o nome legal para o cargo que exercem).

Destes, deve ser exigida sim, formação profissional adequada e aprimoramento constante, pois são mais que meros formadores de opinião, são formadores de homens, futuros cidadãos...

A doença do esquerdismo - espécie de sub - socialismo, presente nos livros didáticos e, na, digamos assim, prática educacional dos professores, na minha opinião, é uma mistura de oportunismo e sem - vergonhice criminosa.

Trata-se da introdução nos livros didáticos de conceitos generalistas vinculados à fracassada e deletéria doutrina socialista, de Karl Marx, dentro da visão de Gramsci - isto é, a tal da visão crítica e revolucionária da história e das ciências em geral, dentro de uma perspectiva de conquista do poder e imposição do socialismo através da doutrinação das massas.

Na prática, isto significa: utilizar-se de instituições próprias de um regime democrático, para a propaganda de um regime autoritário e violento, por natureza.

O fracasso político e econômico do Socialismo na Rússia e leste europeu - depois de mais de três dezenas de milhões de vidas humanas ceifadas e, os resultados da implantação de ditaduras comunistas no oriente - onde a cifra de eliminados passa de 80 milhões de vidas humanas e, principalmente, do conhecimento de que o regime criminoso dos irmãos Castro implantado em Cuba já custou o sacrifício da vida ou da liberdade de mais de 100.000 pessoas, noves fora a fuga de mais de 1 milhão e meio de cubanos para os EUA, não é motivo suficiente para uma crítica dos autores de livros didáticos e, menos ainda de professores.

Pelo contrário, numa falta de senso do razoável e leitura crítica ou, pelo menos razoável da realidade, da compreensão que a Escola é lugar de formação basilar e, não de doutrinação ideológica ou partidária, seguem, dia após dia, a espalhar a pregação sua ideologia nas salas de aula, a título de ensinar, querendo criticar justamente o regime político que deu certo, à diferença de todos os outros: a democracia representativa, conquista histórica da civilização ocidental, do qual disse Churchil: «é o pior regime, à exceção de todos os outros».
 
O que é Escola? Escola, hoje é uma instituição, mais do que prédio, professor e livro. É mais do que um simples máquina de ensino pré-fabricado destinado, para um contingente de população. É uma prioridade de toda sociedade que se julga civilizada. É um meio insubstituível de oferecer ao indivíduo, as ferramentas mínimas para a sobrevivência no meio social - a alfabetização, a informação basilar, os valores sociais relevantes, a consciência individual, social e, nacional é, o lugar onde acontece um processo insubstituível de socialização e, sim, civilização...

 A questão não tem nada há ver com oferta de estrutura, nem de material. Em geral, este problema está superado. O problema está nas teses subjacentes ao ensino ofertado, no preconceito e desrespeito da clientela escolar - que é vista como uma espécie de população dependente e, não como a clientela a quem é endereçado o sistema de ensino, custeado pelos impostos do contribuinte.

Tudo isso se traduz no método de ensino escolhido, na responsabilidade do diretor na condução da atividade do ensino regular, na presença diuturna do professor em sala de aula, na escolha do material didático adequado e, por aí, vai... Sem isso, vc tem prédio, escola, profissionais reunidos, mas não, ensino.

 Sobre essa questão de gratuidade do ensino público mantido pelo Estado, creio que é preciso dizer em alto e bom som: ele nunca foi, não é, nem será gratuito. Ele tão somente é ofertado gratuitamente ao público alvo, mas é custeado, dia após dia com recursos de impostos arrecadados. Assim, cada resma de papel, cada lâmpada acesa, cada hora do professor em sala de aula (e, não raro, em paralisação), é custeada, na verdade, pelo contribuinte. Não é dádiva, nem presente - é obrigação constitucional.

 Escola não pode ser transformada numa espécie de creche para crianças e adolescentes. A responsabilidade da família é, outra coisa.

 Não pode também, ser desviada da sua função principal, a título de utilização para fins supostamente nobres ligadas à tal da inclusão social. Se ela cumprir o papel para o qual foi destinada, então, fatalmente uma revolução social se processará, pois teremos gerações e gerações de pessoas mais preparadas para a vida em todos os sentidos, que vai desaguar no mundo da profissão, do empreendedorismo, da multiplicação de conhecimento, oportunidades e de acesso à renda e à riqueza.

A tal da escola aberta, na prática, tem muito de liberalismo irresponsável, pois, não raro, sacrifica horas de ensino em favor das chamadas «atividades de cunho social». Quantas e quantas vezes, durante as caminhadas, passei por um colégio estadual próximo à minha casa e, presenciei a realização de atividades na quadra de esportes e no pátio do colégio em horário de aula, que acabam tirando dos alunos que estão em classe, a atenção necessária para o aprendizado - campeonatos de futebol, de salão, ensaios de dança de rua, por exemplo, onde a gritaria (palavrões no meio) e a utilização de serviço de som, é uma constante.

 Escola não é lugar de experiências e improvisações sem fundamento. A função da escola é única e, qualquer um pode defini-la sem grande esforço. Mas, querem complicar... Pode-se enganar a duas ou três gerações, mas o número de pessoas que vão questionar os números, a qualidade e, principalmente, os resultados vai aparecer e, depois, crescer, até chegar a um ponto logicamente insustentável.

 A questão é a qualificação de professores - ué, mas eles não estão em pé de igualdade com os professores das escolas privadas (pelo menos é isso que dizem seus currículos e, as gratificações que recebem)? O problema é dos baixos salários pagos à categoria - mas, eles não estão em pé de igualdade com os salários dos professores da rede privada?



 O empecilho é a falta de estrutura adequada - quantas escolas da rede privada de ensino tem a mesma estrutura da escola pública? Tudo está vinculado ao projeto neoliberal do atual governo - ah, não, façam-me o favor de humilhar seus currículos e não insultar nossa inteligência - vamos esperar que ocorra uma revolução socialista para começar a ensinar direito as nossas crianças e adolescentes? Nem vem...

 Nos regimes democráticos, em geral, o Estado está separado da igreja e, isto foi fruto de longas perlengas e discussões, noites sangrentas e guerras. Mas, após as revoluções ditas burguesas, o Estado não era mais a personificação do Rei ou déspota, que podia impor a sua religião como religião oficial, mas a personificação do poder do povo, da sociedade organizada democraticamente - num ambiente assim, a imposição de religião oficial, não tem lugar. A religião, aí, é um direito individual, assim como todas as escolhas a ela relacionadas. O individuo pode livremente escolher sua religião e iniciar os descendentes nela.

Mas, não tem direito nem poder de impô-la a quem quer que seja, nem aos próprios filhos. Dentro de um enquadramento assim, o ensino religioso é inadequado, no ensino formal, pois, a Escola é lugar de escolhas e ensino generalizante, voltado para todos os indivíduos, indistintamente, que se colocam ali em pé de igualdade. Como se vê, a prática da religião e a atividade do ensino tem diretrizes diferentes. A educação religiosa, assim, só pode ser escolha e, encargo da família. E nem vou falar do resultado tendencioso de que resulta a prática do ensino religioso, para determinadas religiões, em detrimento de outras...

 O que pensam, entretanto, as crianças e adolescentes que vêem sua escola sendo invadida, dia após dia, com a cumplicidade de sua diretora, funcionários e professores? Será que gosta da escola? Será que sente orgulho dos mestres que tem? Como será que vai repercutir esses fatos, em sua formação? Na minha opinião, eles nem sequer se manifestam porque, desde crianças interagem com um ambiente onde ninguém está comprometido com resultados e, eficiência, por isso, não demonstram claramente seu desencanto com a escola que frequenta. Mas, esse silêncio é muito, muito eloquente.

 Existe uma corrente muito grande de pensadores, ativistas e políticos que querem transformar o sistema de ensino ruim atualmente estabelecido numa outra coisa: a chamada escola de tempo integral. Atrás desse nome aparentemente anódino e promissor, se esconde uma idéia bastante questionavel: a do suposto combate ou inibição dos chamados riscos sociais a que são submetidas as crianças e adolescentes de baixa renda, através de sua manutenção em tempo integral, na escola.

Em primeiro lugar, ninguém avaliou os custos de tais medidas, que significa na prática: mais despesas com a contratação de servidores e professores, mais despesas com alimentação, material didático ou de apoio e, mais gastos com água tratada e energia elétrica, no mínimo - pergunta-se: quanto custa a implementação desse projeto e, quem paga a conta (como se eu e você não soubéssemos) .

Em segundo lugar, ninguém diz ao certo, o que essas crianças vão fazer na escola, depois do período de aulas curriculares - reforço, dizem uns, atividades complementares, dizem outros. E lá vamos nós, questionando se não seria melhor encarar de frente, o problema da proposta e qualidade de ensino ofertada à população à custa de impostos e, qual seria, exatamente, o o efeito didático das tais atividades complementares e, se essas são melhores do que o convívio da criança com a família e, seu lar.

 E aqui, chegamos ao ponto mais interessante: muita gente vende essa idéia como uma forma safada de garantir aos pais o descanso da consciência sobre o destino dos filhos, enquanto cumprem sua jornada de trabalho. Ou seja, à parte o ensino, as escolas se transformariam numa espécie de creche para crianças e adolescentes em idade escolar custeada pelo contribuinte, chamando para si o papel e a obrigação que é dos pais.

Me impressiona como no Brasil, querem empurrar ou responsabilizar o Estado pelas responsabilidades do indivíduo. Todo mundo que acompanha o noticiário sabe no que resultou a implementação da chamada escola de tempo integral, no do Rio de Janeiro, desde os tempos de Brizola... Mas, os ativistas da educação, os militantes de movimentos populares e políticos vão em frente, defendendo essa idéia irresponsável (aí, incluido o Senador por Goiás, Demóstenes Torres, em quem votei).

 Lugar de criança, sem dúvida, é na escola - mas, olha lá, no horário letivo. Depois disso, não conheço lugar melhor que sua casa, seu mundo familiar, onde deve ficar sob a vigília e a orientação dos pais - ou, alguém da família, em seus lugares, que lhe deve noções básicas sobre a sua relação consigo mesma, com o mundo e com os outros...

 Sócrates ensinava aos discípulos numa praça pública ou, à sombra de uma árvore. Hoje em dia, em muitos países do chamado terceiro mundo, a despeito da gritante falta de material didático e estrutura, as crianças conseguem com tranquilidade absorver o ensino básico. Pois bem, pelo menos quanto às escolas públicas mantidas pelo Estado que conheço, sua estrutura física e humana parece bastante razoável, se não muito boa. Esse negócio de escola aberta, escola solidária e sei lá, mais o que, não passa de desvio de curso, de fuga da responsabilidade.

 Para mim, o negócio é parar de inventar histórias para disfarçar o fracasso e a falta de coragem e, fazer a escola pública mantida pelo Estado cumprir sua função básica, isto é, ensinar muito bem as crianças que a frequentam (para fazer valer o seu custo e, o dinheiro do contribuinte). Se isso acontecer no Brasil, não tenho dúvidas de que, acontece uma revolução e, a alavancagem de nosso desenvolvimento social e econômico.

 O que falta? Vontade, compromisso, objetivos e, coragem para implantar um ensino de qualidade - e isso começa no gabinete do governante e acaba na sala de aula (com o professor dentro, pra variar).

--------------------------------------------------------------------------------

 Quando comecei a estudar, fui fazer o pré, numa escola rural a cerca de quatro quilômetros da casa onde morava, na zona rural (distância que a gente percorria a pé, todo dia, alegremente). A escola tinha turno único e, em cada fileira, uma turma, do pré escolar até a quarta-série. O professor, era também secretário e merendeiro. Mas funcionava - os alunos aprendiam os rudimentos do português, da matemática, de história e geografia. Pelos simples fato de que o saudoso professor João Teixeira ia lá, todo dia nos ensinar e, não confundia humildade com determinação.

 Se Gyn




Sem comentários:

Enviar um comentário