domingo, 16 de agosto de 2015

Poesia de Sanio Aguiar Morgado - CINQUENTA ANOS - TEMPO DA POESIA

 
Poesia de Sanio Aguiar Morgado

CINQUENTA ANOS
 
 Hoje acordei com
 cinquenta anos e fui procurar
minha cara no espelho.

Onde estará o rosto
 que era meu, com tudo que sou
 e sempre esteve comigo.

Os cabelos que me
 cobriam a testa, a pele sem
fungos e o olhar sem rugas.

Agora tenho que me
 aceitar todos os dias e acostumar
 com todas estas diferenças.

Não me encontrarei
 mais neste espelho, mas este olhar
sei que ainda é o meu.
 
TEMPO DA POESIA
 
 Não há como evitar
este tempo que se esvai,
 pelos meus dedos
 e o olhar.

Perdendo-se em
labirintos, com sonhos
 presos a abismos
 que não se comunicam

Agonizando pelas
paredes e nas fotos
e papéis esquecidos
em gavetas.

Guardarei comigo
 preso a correntes, meus
 versos, estrofes e rimas
 do tempo da poesia.
 
FLORBELA ESPANCA
 
 Versos que ecoam do além,
 dor que não é só tua,
 é minha também.

Os amantes e sofredores
 estarão sempre juntos,
 eternamente...

Florbela Espanca,
o amor que de ti se espalha,
como vento beijando rosas.

Vila Viçosa... a tempestade
 de todo teu sofrimento
 no chão desta aldeia.

Paixão eterna, antiga,
 vida tão breve, tão sofrida,
 flor bela…flor querida...
 
QUEBRA CABEÇAS
 
 Desde pequeno fui guardando
 peças curiosas que encontrava,
 algumas pareciam escondidas
 e outras pelo caminho onde passava.

A vida foi então seguindo
 e muitas depois fui achando
 como um quebra cabeças que
 aos poucos fui montando.

Já percebo a sua forma,
 seus inúmeros tons, sei
 as peças que me faltam e que
 dependem mais de mim.

Não é fácil encontrá-las agora,
 é já segredo, uma revelação,
 e a qualquer instante poderei ver
 o mistério desta emoção.

Sanio Morgado
 
 

 
 

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