terça-feira, 5 de julho de 2011

“O Parque de Mansfield” de Jane Austen

Livros

“O Parque de Mansfield” de Jane Austen

“ O Parque de Mansfield”, ora editado pelas Publicações Europa-América, não é certamente um dos melhores romances de Jane Austen e a sua heroina, Fanny Price, está longe de ser simpática ao leitor a partir do primeiro momento.
E o mesmo se pode dizer do par encontrado para Fanny, o seu primo Edmund, também ele prisioneiro de costumes demasiado severos.
Aliás ao longo de todo o romance, Edmund e Fanny vivem separados pelos seus códigos de conduta sofrendo as vicissitudes de uma família que parece viver numa realidade diferente, deixando frustrar as suas expectativas por não quererem quebrar as amarras e libertar-se das cordas que os sufocam.
Mas em “O Parque de Mansfield” é o próprio Parque de Mansfield o centro da história. Tudo parte da mansão e do parque que a rodeia, tudo gira nesse espaço e tudo se constrói e destrói no mesmo espaço.
Os Bertram, os Crawford, a insuportável tia, Norris, irradiam as emoções, as questões e os problemas a partir do casarão que também tem uma virtude: serve de acolhimento familiar.

Em “O Parque de Mansfield”, as personagens surgem e desaparecem, mas a casa é imutável e só quando saem dela é que as personagens se perdem, transitória ou irremediavelmente.
Nem mesmo quando Fanny regressa a Portsmouth, Mansfield desaparece do romance. Está sempre presente nas cartas que recebe.

“O Parque de Mansfield” é um romance de trama complicada e dificil por vezes de seguir.
Fanny Price não colhe a simpatia do leitor porque é demasiado concordante com os cânones de conduta estabelecidos e não consegur libertar a raiva e a revolata que sente em relação aos mesmos. Só a sua recusa em casar com Henry Crawford revela um pouco de rebeldia.

E acabamos por nos perguntar: será que ela tem razão?



Zita Ferreira Braga

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